terça-feira, 14 de julho de 2015

POR QUE O AZULÃO LUTA PELOS TRENS?

Por Jorge Gonzaga Azulão

Tudo começou em 1987, quando após ficar desempregado, com 04 filhos pequenos e dívidas para pagar, encontrei nos trens a resposta para aquele momento tão difícil para mim e minha família.
Como trabalhava anteriormente em setor administrativo, em uma empresa rodoviária de transportes de passageiros e turismo, onde os funcionárias eram obrigados a estarem bem vestidos, usando gravatas, tinha vergonha que meus colegas me vissem vendendo nos trens, já que o escritório era em Bonsucesso. A solução foi ir para os ramais de bitola estreita, Guapimirim e Vila Inhomirim, que na época tinham 06 vagões e andavam lotados, com horários até acima de 23 horas, eram os melhores para a nossa atividade.                                   Mesmo sem estar legalizado, nunca aceitei ficar na ilegalidade, pois levava muito à sério o meu trabalho. Em 1992 apresentei a primeira proposta de legalização, após um grave acidente na Penha, onde 08 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, a resposta foi não, alegaram que se criaria vínculo empregatício com a empresa.
Apesar de tudo sempre tive em mente que os nossos clientes são a nossa razão de existência, pois são eles que nos ajudam a levar o nosso pão, diariamente, para casa.
Vários fatos marcantes aconteceram, nestes 28 anos de trens, entre os quais: A batida de trens, na Penha, onde fui a primeira voz ativa dentro da composição, em favor dos usuários, inclusive pedindo que tirassem o maquinista do local, pois corria risco de linchamento, o mesmo estava em estado de choque. O outro foi uma passageira de 32 anos, moradora de Campos Eliseos, que passou mal e deu duas paradas cardiaca, em minha mãos, graças ao auxilio de um outro passageiro, fizemos massagens cardiacas e levamos a mesma para o hospital Getúlio Vargas, na Penha Circular, usando cadeirinha, feita com nossos braços. O passageiro era Sargento do Exército, foi o único que teve coragem de botar a mão na passageira comigo.
Muitas outras situações de alegrias e tristezas aconteceram, por isso hoje sou grato a Deus e aos usuários dos trens por toda a ajuda que eles me deram, durante estes 28 anos de malha ferroviária, por isso faço questão de batalhar, junto com outras lideranças, que pertencem ao PROJETO CENTRAL - Pela Revitalização dos Trens de Bitola Estreita e Elétricos dos Estado do Rio de Janeiro, pela melhoria e revitalização dos trens, em favor dos usuários do transporte ferroviário.

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