sábado, 21 de março de 2015

DIA 30 DE MARÇO COMPLETAM 43 ANOS DO GRANDE INCÊNDIO NA REDUC.

Por Jorge Gonzaga Azulão.

Eram aproximadamente, meia noite, do dia 30 de março de 1972. Eramos 08 irmãos, menores do que eu, com 12 anos. Minha mãe ainda se recuperava da cesariana de minha irmã Rita de Cássia. Meu pai, por sua vez, muito trabalhador, gostava de tomar umas e outras, naquele dia não foi diferente, foi dormir chapado. De repente minha mãe foi à cozinha lavar a mamadeira de minha irmã, quando visualizou algo diferente na refinaria, detalhe: Morávamos no morro, em frente a Reduc, no Bairro Pilar, logo, era possível termos a visão por cima. Ela, de imediato, me acordou e ao verificar que a coisa era séria, resolvi chamar meu pai, ele por sua vez, embriagado, fez pouco caso do fato e voltou a dormir, afirmando que os bombeiros controlariam aquela situação.
Acordei meus irmãos e pedi que o Roberto, com 11 anos, fosse na casa do nosso vizinho, Sr. Laerte, que estava em covalência de fraturas provocadas por um atropelamento na Av. Rio Branco, no Centro do Rio. Ele, além de cardiáco, diabético e obeso, estava com um colete de gesso no tórax e a perna engessada até a coxa. O Sr. Laerte, ao contrário de meu pai, ficou atento, juntamente com a família.
De repente, aconteceu aquilo que não queríamos ver, a explosão, a noite virou dia, a casa rachou de alto a baixo, o fogão e moveis começaram a dançar, meu pai ficou curado da cachaçada, pessoas passavam correndo com roupas íntimas, doentes esqueceram das doenças, o Sr. Laerte corria como um atleta, subindo morro. A coisa ficou feia, a cada explosão corríamos mais, parecíamos baratas tontas correndo em qualquer direção. Minha família se partiu ao meio, foram quatro filhos para cada lado, só se encontrando pela manhã, depois que estava tudo controlado.
Até hoje, não estou convencido do número de vítimas internas ou externas, pois o regime daquela era o militar, nem toda notícia podia vir a público. Esperamos que tragédia igual aquela nunca mais aconteça em nossa cidade, que providências sejam tomadas para impedi-las, começando pela fiscalização das empresas e dutos, em especial, onde existem a presença de residências.
 Visão das chamas da Reduc, durante uma noite chuvosa, em 2015.

 Manchetes de Jornais da época, sobre a tragédia.

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